
ADRIANO
CHUPIM
LIVRO DE
PAULO DAMIN
Com nova roupagem e ampliada, a recente reedição de "Adriano Chupim" desvela uma história de aventura no interior do Rio Grande do Sul. Um controverso movimento separatista se prepara para uma revolução enquanto os personagens vão de celta até Uruguaiana, em busca, a princípio, de um amigo poeta. Sob a forma de um on the road pitoresco, a trama trata sobre mate, sobre música nativista e sobre a relação entre as pautas modernas e o espírito regional, a partir de chaves de leitura sobrepostas, cuja implicação da ironia e da remomoração coletiva aparecem intrincadas como engrenages do texto. A narrativa está envolta por dimensões minuciosamente indiciárias, propondo um jogo inspirado na ficção especulativa distópica ao imaginar possibilidades políticas e sociais através da realidade material que rodeia o autor, em diálogo frequente com a literatura uruguaia e argentina. Esta é uma história de amizade no contexto de um fictício movimento independentista no estado, embora transcenda muito além disso. Adriano Chupim, antiheroi pícaro ou simples sujeito dos altos da serra, constrói um testemunho sobre aspectos da cultura regional que podem ser identificados como um certo gauchismo anárquico, da língua à idiossincrasia, da vastidão do pampa à iconoclastia, ao propor uma viagem com vários episódios interioranos e música para animar a contação dos causos. Provocativo, mas também afetivo, trata-se por fim de um livro dedicado à paisagem geográfica e humana do Rio Grande do Sul, acessível e complexo, popular e sugestivo, revivendo a contingência de Scliar e Josué Guimarães, mesclado aos ares de Cyro Martins e, claro, do Antônio Chimango, de Amaro Juvenal.
Pro Chupim, o ideal seria juntar uma pessoa de cada região gaúcha pra fazer a viagem, então ele foi atrás de quem ele achava que podia servir pra dar uma imagem heterogênea pra empreitada: o Kauã, por exemplo, que era de Cacique Doble e se afirmava descendente de charruas. Mas o Kauã e a Dani responderam ao e-mail do Chupim dizendo que não tinham nenhuma intenção de participar daquele movimento golpista, muito menos pra ir encontrar aquele liberalzinho conservador, como parece que eles chamavam o Nata

PAULO DAMIN
Professor, tradutor, publicou várias crônicas que dialogam com este romance, além de "Estudo de causo" (2015), a dramaturgia "A rainha está viva" (2023), o ensaio "Édipo na Colônia" (com Gustavo Matte, em 2023) e a novela "A lenda do corpo e da cabeça" (2025).
